Está nas folhas que os estudantes brasileiros estão na lanterna em termos capacidade de raciocínio. Ficamos em 38º lugar entre 44 países considerados.
O consabido fracasso do sistema educacional na elevação da capacidade de pensar do povo de Pindorama, por incrível que possa parecer, tem um lado positivo: a elevação forçada da criatividade, da capacidade de improvisação dos nossos profissionais.
Ancorada nos condicionamentos econômicos e sociais do inicio do século XX, a soi-disant academia naufragou ao se aferrar ao propósito de assegurar a empregabilidade. Deixou de lado o alargamento do intelecto, não se dando conta de que o ambicionado emprego “como antigamente” anda mal das pernas. Que o digam os destemidos da autonomia descolada e os acomodados concurseiros em busca da segurança sem vínculo pessoal.
O establishment acadêmico não percebeu que as alterações estruturais ocorridas neste século deslocaram o eixo dos requisitos para o trabalho da superficialidade do adestramento para a profundidade da formação. Este deslocamento fez caducar um sistema que incapacita para o novo, um sistema em que tudo é recitado – a técnica, o dado, o caso – e nada problematizado – a teoria, o fundamento, o extraordinário.
O positivo desta quase tragédia é que, preparado para a descoberta e não para a invenção, o profissional do século XXI vê-se obrigado à engenhosidade. Tecnologicamente assistido, apreendeu por conta própria a edificar os saberes que lhe facultam superar o legado das referências peremptas e dos certificados vazios que a lei e o preconceito lhe obrigam a ostentar. Os nossos profissionais são viradores. Limitados para o raciocínio formal, se safam como podem.
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