A cultura hipster é balizada pela indefinição com relação às manifestações artísticas, particularmente em relação à música, por comportamentos descolados e estilo de vida alternativo. Nasceu em Nova York nos anos 2000 e se espalhou pelos grandes centros urbanos de todo o mundo.
O hipsterismo tem sido apontado como indutor de uma nova forma de relacionamento com o trabalho. Mas não é assim. O hipster é um produto da educação pasteurizada, a informatização e a automação que nos aproximam da época em que todos (isto é, qualquer um) poderemos ser adestrados rapidamente para a produção, o que tornará os produtos e serviços cada vez mais acessíveis e o trabalho cada vez mais irrelevante.
O hipsterismo assinala a perda da valência revolucionária do gosto e da conduta sobre a vida e, em particular, sobre a vida laboral. Ser beatnik nos anos 1950 ou ser hippie nos anos 60 foi, à época, uma opção inteiramente diferente do que ser hipster hoje. Significou rejeitar o trabalho convencional a partir de uma ideologia refletida e professada.
Ser hipster hoje é uma coisa por completo diversa. É assumir uma fantasia, uma má-criação, uma atitude de superfície que se esgota em si mesma. Inútil procurar. Não existe um movimento hipster, nem mesmo uma diretiva hipster sobre a dinâmica das condutas. O hipsterismo é uma palhaçada: uma composição sem uma estética, uma conduta sem causa, uma mobilização sem discurso, uma ocorrência sem outro legado que não seja o da crônica do fait divers.
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