Talvez a mais sedimentada das teses sobre decaimento do trabalho enquanto atributo da existência humana seja a que deriva da ideia rousseauniana de que o ser humano nasce bom, mas é degradado pela sociedade.
Figura de proa do iluminismo, Jean-Jacques Rousseau (Genebra, 1712 – Senlis, 1778) jamais se pretendeu filósofo. Teve uma trajetória errática. Foi um dos grandes romancistas da sua época. Escreveu peças de teatro. Músico, compôs óperas de sucesso.
Desde o Discuso sobre a Origem da Desigualdade Entre os Homens (Rousseau; 1754) e ao longo da sua trajetória intelectual não abandonou a convicção de que o progresso, ao contrário do que se pensava na época, é negativo para a vida moral e para a liberdade. O progresso, disse, torna a sociedade egoísta e corrupta. Promove a desigualdade, sustentando privilégios de riqueza e de poder. O progresso cria convenções e instituições que asseguram estes privilégios.As matrizes dos males da sociedade são a opressão requerida pela conservação do poder e pela acumulação de riquezas que decorre da renda sem o trabalho. Presa na armadilha do progresso, das regalias e das opressões, a atividade laboral sofre um processo de desnaturalização, uma degradação na ordem das vivências pessoais.
Referências:
Rousseau, Jean-Jacques (1993). Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens [1755]; Tradução de Maria Ermantina Galvão; São Paulo; Martins Fontes.
Sobre a segunda tese, leia aqui.
Sobre a terceira tese, leia aqui.
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