Quase tudo que se tem dito e escrito sobre como sobreviver no trabalho é mera adaptação de recomendações antigas. A mais conhecida e completa destas receitas em língua portuguesa é a de D. João Manuel, camareiro-mor d’el rei D. Manuel I, o Venturoso.
Os versos são datados de 1497, três anos antes que Cabral “descobrisse” Pindorama.
Afora alguns termos caídos em desuso, continua operacional. Senão vejamos:
“Ouve, vê e cala
E viverás vida folgada!
Tua porta cerrarás
Teu vizinho louvarás,
Quanto podes não farás,
Quanto sabes não dirás
Quanto ouves não crerás
Se queres viver em paz.
Seis coisas sempre vê,
Quando falares, te mando:
De quem falas, onde e quê,
E a quem, e como e quando.
Nunca fies, nem porfies,
Nem a outro injuries,
Não estês muito na praça,
Nem te rias de quem passa.
Seja teu todo o que vestes,
A ribaldos (trapaceiros) não doestes, (insultes)
Não cavalgarás em potro,
Nem tua mulher gabes a outro.
Não cures de ser picão, (valentão (!)),
Nem travar contra a razão;
Assim lograrás tuas cãs (cabelos brancos)
Com as tuas queixas sãs. (despreocupadamente)”
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