A tradição judaico-cristã atribui o trabalho a uma tentação momentânea e a uma condenação eterna.
Quando Eva, instigada pela serpente, seduziu Adão e o fez provar do fruto proibido disparou eventos ainda mais duvidosos do que o de uma serpente falar.
Primeiro temos o episódio do fruto, que, aliás, a Bíblia não diz qual é. Nas tradições orientais é um figo, na nossa uma maçã, provavelmente porque em latim malum designa tanto o mal quanto a maçã. Pois este fruto, que talvez não tenha sido nem maçã nem figo, encalacrou-se na garganta de Adão, originando o pomo de mesmo título e uma dúvida cismática: a de saber se a mulher é integralmente má enquanto o homem o é só parcialmente, devido à providencial entalação. O gogó sendo, neste caso, um sinal exterior benéfico para o recrutamento de mão-de-obra.
Segundo: Deus, ao expulsar Adão e Eva do Paraíso, lhes dá o que vestir. Esta é a origem do pudor, que não alcança as gentes peladas – indígenas americanos, povos africanos e dos mares do sul, recém-nascidos pagãos etc. A dúvida aqui é a de saber se a vestimenta é um castigo ou um presente, já que os que andam sem roupa não costumam conhecer o fenômeno do trabalho, exceto os nudistas, mas estes não são propriamente nus, senão que desnudos.
Terceiro e último: Deus condena Eva a parir em sofrimento e Adão a ganhar o sustento com o suor do seu rosto. Aí temos o trabalho de parto e o trabalho em geral como condenações. A dúvida consiste em saber se a cesariana, a produtividade decorrente do desenvolvimento tecnológico e tudo que diminua o sofrimento da mulher e que propicie a dolce vita aos mortais em geral elude os desígnios divinos, constituindo-se, por isto, em pecado.
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