Não é a toa que os governos fazem de tudo para evitar o desemprego. Entre outras coisas, o trabalho é um dispositivo de domesticação. Tem um papel fundamental no controle das massas. O mote eclesiástico “ora e labora” tinha (tem) como propósito fatigar o corpo e ocupar o espírito e o tempo que não é dado à devoção, evitando as insurreições contra a carestia e a injustiça social.
Estas insurreições perturbam a vida dos príncipes, dos líderes e dos comissários. Mas não se tem noticia de alguma que tenha melhorado as condições dos trabalhadores.
A mais memorável delas foi a de 1357, comandada por Étienne Marcel (1316-1358), preboste de Paris. A Guerra dos Cem Anos, particularmente o cerco montado pelos ingleses, havia levado os pequenos burgueses e os trabalhadores de Paris à miserabilidade. Marcel liderou uma greve geral e matou dois príncipes a marretadas. Ao fim, foi massacrado pelos burgueses que pretendeu defender. A sua estátua, instalada em frente ao Hotel de Ville, olha sobranceria para os turistas que passam. Marcel carrega uma espada embainhada. A marreta lhe foi escamoteada. Assim como os parcos benefícios que obteve para os trabalhadores de Paris.
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