Trabalho & Produtividade.
Hoje, 14 de outubro, Hanna Arendt faria 110 anos.
Arendt foi o pensador (ela não gostava de ser chamada de filósofa) que mais contribuiu para o entendimento da condição humana na atualidade.
Fez com que compreendêssemos a existência como uma série de atividades – o laborar, o produzir e o agir – em relação as quais abrimos ou fechamos os caminhos que condicionam a nossa existência.
Denominou de trabalho-labor (a lacuna da tradução é incontornável) as atividades de preservação biológica e de conservação material da vida. No labor efetuamos uma troca com a natureza. Os ciclos labuta & descanso e labuta & consumação não têm começo nem fim. No labor consumimos a energia da natureza e gastamos a nossa vida. Nos transformamos, transformamos o mundo, mas sem outra direção do que a da nossa sobrevivência como indivíduos e como grupos situados no espaço e no tempo.
O trabalho-produzir refere à geração do novo, de produtos que vão além da mera subsistência física. Produzimos ferramentas, casas, máquinas que perdurarão por gerações. No produzir é que afirmamos nosso lugar no mundo, que encontramos sentido para nossa trajetória, para nossa biografia. Nos transformamos, transformamos o mundo na direção da criação, do aperfeiçoamento, da transcendência no espaço e no tempo.
O agir é tudo o que acontece ao ser humano quando não serve diretamente ao labor e à produção. São as atividades que convém à individualidade, ao convívio. O agir corresponde ao transformar – elevação ou deterioração – da personalidade e da sociedade.
Laborar, produzir, agir condicionam a existência. A ordem em que são apresentados não é gratuita. Indica o vetor ideal das aspirações humanas.
UTILIZE E CITE A FONTE.
Arendt, Hannah (2003). A condição humana. São Paulo. Tradução de Roberto Raposo. Forense Universitária