Perplexidades & Filosofia.
Os paralelos históricos são descabidos e ilegítimos, mas não deixam de ser ilustrativos.
No declínio do Império Bizantino a estrutura burocrática se estilhaçou. Os postos oficiais se tornaram honoríficos. Os cargos caíram na escala de precedência. Novos títulos foram criados no topo da hierarquia. Meia dezena de autocratas basileus e pelo menos nove césares chegaram a coexistir.
O costume e as normas bloquearam as demissões. Todo homem válido desempregado era encarregado de tarefas anódinas, sob ordem de questores. O moral dos soldados-policiais era mantido pelo relato de vitórias imaginárias.
Os poderosos se cercaram de eunucos, que, por lei, não podiam assumir poderes. A contestação, como a da heresia Bogomil, que desaprovava o trabalho e a procriação e adotara o princípio da resistência passiva, era simplesmente aniquilada.
O Império ruiu não devido à indolência, mas devido à profusão burocrática. Não foi a carência, mas a saturação de poderes que encerrou mil anos de história.
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Runciman, Steven (1966). Byzantine Civilization. London. Methen & Co. Ltd.