Ética & Filosofia
Max Ferdinand Scheler (1874, Munique – 1928, Frankfurt) procurou corrigir as antigas e frágeis concepções do bem e do dever. No processo, construiu uma teoria universal dos valores e das normas.
Legou à reflexão moral contemporânea as ideias: i) de que a questão da ética é subordinada à dos valores em geral e, ii) de que os valores podem ser objeto de uma intuição imediata, oferecida pela via da emoção.
Influenciado por Nietzsche, sustentou – em paralelo à fenomenologia de Husserl – que os valores são objetivos, isto é, autônomos com respeito aos atos com que são aprendidos e independentes das nossas crenças e emoções.
A partir de uma concepção panteísta-historicista, segundo a qual Deus se realizaria progressivamente no âmbito da história humana, os valores opostos são objetivos e não unicamente formais. Daí que a ilegitimidade de os reduzir a objetos de desejo, de aspiração, de repulsa ou de recusa.
Para Scheler, os valores não devem ser confundidos com bens, objetos empíricos. Diferimos o certo do errado, o bem do mal mediante emoções. O não-racional é o meio de acesso primário à ética, irredutível tanto à racionalidade quanto à sensibilidade empírica, e caracterizada pela intencionalidade, o voltar-se para o objeto moral e de lhe dar um sentido.
O ser-valor de um objeto precede à percepção e à valoração. Os bens materiais e imateriais incorporam ou não os valores, que, em si, são absolutos e eternos. Ao contrário do que se tinha como aceito, aprendemos os valores, não os produzimos.
UTILIZE E CITE A FONTE.
Husserl, Edmund (2014). Investigações Lógicas. Prolegômenos Para Uma Lógica Pura. Tradução de Pedro M. S. Alves e Carlos Aurélio Morujão. Rio de Janeiro. Forense Universitária Scheler, Max (1991) Le formalisme en éthique et l’éthique matérielle des valeurs. Paris. Ed. Gallimard