Trabalho.
O discurso nonotônico sobre o ato de produzir omite que a maioria das formas de ação designadas sob o termo “trabalho” é insalubre, intelectualmente vazia e psiquicamente insossa.
O que os adeptos das ideologias do século XIX procuram esconder é que, embora não haja dúvida de que o trabalho continuará a ser o fator de produção crítico, não mais o será na definhante forma física–experiencial, senão que na nascente modalidade cognitiva–digital.
Não é pequena a possibilidade que no futuro próximo o trabalhador normatizado, aquele que se sujeita à vida rotineira da fazenda, do escritório, da oficina, da loja deixe a cena, e que um ente normativo, o trabalhador autodeterminado, venha a assumir o protagonismo.
Intimida os pregoeiros do status quo o fato de que enquanto o trabalhador normatizado se esforça para ascender em seu estado e em seu meio presente, o normativo quer a realização da sua natureza em um estado superior e em uma circunstância que dispensará os patrocinadores dos discursos vazios. [cf. Nietzsche]
UTILIZE E CITE A FONTE.
Cf. Enriquez, Eugène (2013) A vida como tempo da experiência sempre inacabada, in Adauto Novaes (org.). Mutações: o futuro não é mais o que era; São Paulo; Edições SESC SP. Nietzsche, Friedrich (2004). Aurora; Tradução de Paulo César de Souza; São Paulo; Companhia das Letras.