Trabalho.

O costume, a experiência e o treinamento contribuem para intensificar a tendência à omissão e ao silêncio que têm as coletividades.
Ao longo dos séculos, os judeus da Europa central foram perseguidos, maltratados e segregados. Nos pogroms, haviam aprendido a sobreviver curvando-se à cristandade boçal. Foi esta experiência recursiva que os despreparou para o Shoá (Holocausto).
O trabalho assalariado está se decompondo. Mas há um esforço surdo para que se omita que o decaimento das instituições, das formas de trabalhar e de organizar o trabalho pode ocorrer rapidamente. As debacles econômicas têm sequência similar às disputas esportivas, em que, não raro uma equipe dominante de súbito desmorona ante o adversário mais fraco e perde fragorosamente um jogo considerado ganho.
As alegações para fugir a discussão dos riscos do assalariamento são velhas e conhecidas. As mais frequentes – “o emprego é uma forma natural”; “perder-se-iam as conquistas trabalhistas”; “teríamos insegurança econômica” – são abstrações que alimentam discursos mal-intencionados.
Tal argumentação deriva dos temores dos que detêm o poder nas organizações públicas e privadas e o controle nas instâncias de representação trabalhista. O egoísmo corporativo faz calar os que bradam a evidência do esgotamento do sistema assalariado, expondo todos ao risco da comoção social.
Não há, no horizonte visível, possibilidade de uma revolta organizada, como a da Revolução de Outubro, que tinha um propósito, um sistema, etc. Mas o descrédito e a frustração generalizados recomendam que se considere uma conflagração nos moldes do libertarismo alucinado, que desatou o Terror e precipitou a tragédia sem fim das guerras generalizadas.