Ética.
As definições conceituais nos ajudam a compreender a desarmonia entre valores morais coexistentes.
Este o caso do binômio comunidade & sociedade, uma distinção que data de 1887, da obra de Ferdinand Tönnies (Oldenswort, 1855 – Kiel, 1936), um dos pais da sociologia.
A comunidade (Gemeinschaft), escreveu Tönnies, é como um organismo vivo. Refere-se a grupos pequenos, que compartilham uma moralidade baseada no enlace do parentesco, da confissão religiosa, da proximidade de moradia, do companheirismo entre trabalhadores.
A sociedade (Gesellschaft), é um agregado artificial. Refere-se a organizações formais, voltadas para a produção, para a administração pública, para as instituições. A moral normativa e justificada que devem obedecer – os códigos de ética -, emana dos percalços da vida urbana desenvolvida, da vinculação entre trabalho e capital, dos laços entre trabalhadores e sua representação.
Na comunidade os seres humanos estão “ligados apesar de toda separação”. Na sociedade, estão “separados apesar de toda ligação”.
A definição de Tönnies registra como o costume e a norma – a moral e a ética – dizem respeito a duas esferas destoantes da vida em comum. Seus valores e hierarquia são diversos e podem ser conflitantes. Para entender isto, basta comparar os laços de amizade comunitários, que tem na fidelidade (de fé) o marco de referência, com os vínculos trabalhistas, que têm na lealdade (de lei) o seu alicerce.
UTILIZE E CITE A FONTE.
Tönnies, Ferdinand (2001) Tönnies: Community and Civil Society (Cambridge Texts in the History of Political Thought). Translation Margaret Hollis. Cambridge. Cambridge University Press