Trabalho.
Sêneca foi o primeiro a explicar que o “taedium” resulta do “nihil mori”, isto é, tanto da monotonia da inatividade (otium), como da mesmice laboral (negotium).

Para Sêneca, a sensação de vazio (supervacuum), corresponde tanto ao desagrado de si (displicentia sui), como ao desgosto de viver (displicentia vitae). É um mal-estar análogo aos males do corpo, quando a alma vacila, dobra-se sobre si mesma, se nauseia, e se refugia em um canto da casa, do escritório, da oficina.
O enfado faz com que nos percamos da nossa mente. Se o quisermos impedir, devemos nos reconquistar pela reflexão, pelo estudo, pela apreciação artística. Devemos nos aplicar a nós mesmos, alternando a vida contemplativa com a vida ativa, numa dialética entre o engajamento e o isolamento, entre a amizade e a solitude, entre a atividade corporal e a atividade intelectual, entre o trabalho e o repouso.
Abatido pela repetição do mesmo, o espírito não pode suportar senão a luz do dia presente. Por isto, a terapêutica para o tédio é trabalhar como se cada dia fosse o último; explorar o instante; libertar o olhar do passado e do futuro; da recordação e da esperança.
UTILIZE E CITE A FONTE.
Sêneca, Lúcio Anneo (sd). “A tranquilidade da alma”. In The complete works of Seneca, the younger, Kindle - Delphi Classics. Sêneca, Lúcio Anneo (2008). Carta 56 a Lucilo: o surgimento dos inimigos que vem de dentro de si. In Cartas à Lucílio (Aprendendo a viver). Tradução de Lúcia Sá Rabello Porto Alegre L&PM