Ética.
No Ocidente, os preceitos de ordem moral remetem a duas fontes cardeais. Uma advém da reflexão sobre a experiência vivida na Grécia clássica, se apoia na racionalidade e se organiza na filosofia. Outra, decorre da hierarquia de valores tirados da experiência do povo judeu e distorcidos pela Igreja cristã ao se autodeclarar verus Israel.
Justificado pelo duplo conjunto de preceitos acima, o acadêmico moralista se concentra na formatação dos gestos, dos ritos e dos lugares-comuns da sociedade. O viés do acadêmico é o de, quando a moral contraria a ética, pensar que se deve tomar o lado da ética, isto é, restaurar a moralidade convencionada.
Já o filosofo tenta ajustar a lógica moral ao que se passa na cultura viva. Procura evidenciar os gestos, ritos e lugares-comuns nocivos da sociedade da sua época. O viés do filósofo moralista é o de, no caso em que a moral contraria a ética, procurar reconstruir a ética conforme seu tempo e circunstância.
Os acadêmicos estão longe demais da articulação entre os elementos informes que regem o convívio contemporâneo. Os filósofos estão perto demais de questões como a da eutanásia, da corrupção, do aborto, do ateísmo, da desobediência civil, ….
Essa distância e essa proximidade viciam o discernimento ético.