Ética.
A denominação “cínico” deve sua origem ao ginásio do Cinosargo (Cão Branco), que ficava nas proximidades de Atenas, e onde se reuniam os filósofos adeptos da doutrina de Antístenes (sec. IV aec.).
A Escola desprezava as convenções sociais, a opinião pública e a moralidade convencional. Os cínicos não se opunham aos costumes estabelecidos ou à conduta alheia, mas eram indiferentes para com as instituições e as convenções. Entendiam que o legal e o natural geralmente se opõem, e que o segundo deve prevalecer sobre o primeiro.
Os atributos hoje dispensados ao cinismo são obra do marketing das instituições medievais.
Explica-se: a impassibilidade cínica era ofensiva aos interesses da tirania feudal e da ganância eclesiástica. Foram a doutrinação ideológica e a catequese hipócrita que distorceram os preceitos dos cínicos, ao ponto de fazer com que a Escola parecesse uma aberração moral.
Nada que surpreenda. Desde sempre, aquele que se conduz com a simplicidade dos seres da natureza e aponta a desrazão humana é vítima do procedimento obsceno de instituições, grupos e pessoas a quem as virtudes de temperança e sensatez prejudicam, ofendem ou denunciam.