Ética.
Michel Foucault estudou como poderes sutis geram modelos de conduta, formas de pensar, sistemas de saber.
Internalizadas sem que tenhamos consciência, estas forças produzem existências codificadas e domesticadas pelas tradições e instituições. Provocam a “morte do homem” 1.
A identificação dos micropoderes em campos tão diversos como o da loucura, o da prisão e o da sexualidade, levou Foucault a se insurgir contra o sistema de valores dominantes e a denunciar a vontade de poder que sua genealogia exprime2. Daí que tivesse negado a redução da moralidade a um ato ou a uma série de atos em conformidade a uma regra, a uma lei ou a um valor.
Na busca da emancipação de pessoas controladas e marginalizadas, Foucault propôs a autoconstituição do sujeito moral. Indicou como caminho da ética uma forma de ser que balizasse o conhecer-se, o controlar-se, o experimentar-se, o aperfeiçoar-se em uma prática de si, em uma disciplina do corpo, da conduta, do sentimento e da paixão.
O legado de Michel Foucault para a filosofia moral do século em curso foi o de evidenciar a inutilidade normativa, atribuindo a cada um o cuidado de si, a constituição estética da existência. O cuidado para que nossa vida seja uma obra de arte3.
UTILIZE E CITE A FONTE.
1 - Foucault, Michel (1984). L’usage des plaisirs. Gallimard. 2 - Foucault, Michel (2000). As palavras e as coisas. Tradução de Salma Tannus Muchail. São Paulo. Martins Fontes. 3 - Foucault, Michel (2014). História da loucura na Idade Clássica. Tradução de José Teixeira Coelho Netto. São Paulo. Editora Perspectiva.