Epistemologia.

As desavenças entre o positivismo e o historicismo, que aborreceram o final do século passado, levaram os saberes instituídos à um estado de perplexidade.
Por mais que tenham sido debilitados, nem o positivismo veio à óbito, nem a anunciada morte do historicismo ocorreu. Ao contrário. Um e outro partido seguem regurgitando suas frágeis razões.
Náufragos em meio à tormenta, os praticantes nas ciências sócio-humanas se equilibram em uma dinâmica que oscila entre o medo e a angústia.
O medo faz com que tentem validar a reflexão na positividade descarnada dos fatos e dos experimentos. Contraditoriamente, faz com que procurem refúgio na linhagem que vem do Círculo de Viena e que deveria ter terminado em Wittgenstein, ou, no máximo em Quine.
A angústia, no sentido de Kierkegaard, de aperto, de estreitamento, faz com que se aferrem à filosofia com sua carga histórica. Simultaneamente, faz com que a neguem, aderindo à linhagem que procede de Nietzsche e que chega aos que procuram conciliar uma teoria geral do Ser com o cotidiano das existências.
A dialética da angústia e do medo deixa sequelas. Entre elas o abandono da reflexão sobre questões insolúveis, como a das singularidades, a das formas, e a do acaso.
O que é inquietante.
Aquele que deixa de procurar o inencontrável e de pensar no insolúvel está fadado claudicar entre a mera constatação e o reencontro com o já sabido.