Ética.
Eventos, slogans, lendas e mitos nos acostumam a pensar de determinada maneira, a nos comportar de acordo com determinados padrões, a desejar certas coisas e a seguir regras de conduta estabelecidas. Criam “instintos artificiais” que formatam o convívio e bloqueiam a pluralidade moral.
A fácil internalização destas ficções decorre da tendência humana para nos dividirmos entre nós, o grupo a que pertencemos, e eles, todos os demais.
A cultura do Ocidente é permeada pelo arcaísmo de três ordens de divisão entre nós e eles. A ordem monetária (econômica), a imperial (política) e a sacerdotal (religiosa).
Dificulta sobremaneira o florescimento do pluralismo ético a crença – milenar e infundada – de que os mais ricos ou os mais pobres ou os remediados, como dizia minha avó, são diferentes de nós. Impede a tolerância a crença de que os de direita, ou de esquerda, ou de centro são moralmente inaceitáveis. Degrada a convivência civilizada a ideia de que os ateus, os adeístas, os agnósticos, os politeístas, os panteístas, os teístas ou deístas de outras confissões obedecem a critérios morais equívocos.
A esperança na era digital é que as pessoas, sem abandonarem suas culturas, se informem na Web. Se o fizerem com espírito aberto, verão que eles são como nós. E vice-versa.
UTILIZE E CITE A FONTE.
Cf. Harari, Yuval Noah(2015) Sapiens: Uma breve história da humanidade. Tradução Janaína Marcoantonio. Edição do Kindle. L&PM Editores.