Ética.
Ignoramos – e sempre ignoraremos – as razões exatas da nossa posição ideológica. Os estudos recentes de psicologia permitem concluir que as posições à esquerda ou à direita, exceto a dos fanáticos extremistas, não são aberrantes. Apenas a direita tem uma moralidade regida pelo receio da exclusão, enquanto a esquerda tem uma moralidade regida pelo temor da solidão.
Um dos trabalhos sobre o tema, útil porque absorve os demais, é o de Haidt, quem considerou cinco receptores morais básicos – o cuidado, a justiça, a lealdade, a autoridade e a virtude – e os confrontou com preferências políticas. As correlações obtidas mostram os seguintes resultados:
Cuidado: as pessoas mais à direita tendem à compaixão pelos membros do grupo identitário e pela repulsa a quem causou o mal; à esquerda, pela compaixão por todos os que sofrem em toda parte.
Justiça: os mais à direita se caracterizam pelo sentimento do justo firmado no mérito da contribuição (reciprocidade); à esquerda, pelo sentimento de retribuição ao empenho, independentemente do resultado, e pela equalização nas relações de convivência (justiça social).
Lealdade: as pessoas mais à direita são marcadas pelo sentido de pertencimento, materializado na relação com grupos externos, tratando o diferente como diferente; à esquerda, têm o sentido da tolerância e acolhida das pessoas e grupos externos, tratando o diferente como igual.
Autoridade: os mais à direita tendem a respeitar a hierarquia que mantém o grupo coeso e defendido dos outros grupos e da dissolução; à esquerda, tendem a valorizar o respeito à diversidade, o abrandamento de qualquer hierarquia e a integração com outros grupos identitários.
Virtude: as pessoas mais à direita se inclinam a considerar virtuosa a obediência aos costumes e às tradições; à esquerda, a considerar como virtude a quebra de tabus e a aceitação de novos costumes.
Em síntese, as pessoas que se colocam à direita se preocupam mais com a hierarquia e a responsabilidade individual do que com a moralidade concreta, enquanto as pessoas que se colocam à esquerda se preocupam mais com a justiça e com a responsabilidade social do que com a moralidade abstrata.
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Cf. Haidt, Jonathan (2013) The Righteous Mind: Why Good People Are Divided by Politics and Religion. UK. Vintage Books