Ética.
A Revolução Crítica, forjada por Kant, trouxe ao mundo o entendimento da verdade e da justiça como resultado da tessitura de um sentido comum, de uma dimensão de intersubjetividade própria à razão humana.
Depois de Kant, em lugar de uma verdade definida como a adequação de um enunciado à realidade em si, e do ditame de um fim absoluto de justiça, passou-se a demandar uma aferição de verdade e de justiça que tenha legitimidade universal.
Muitos duvidam de que seja possível alcançar este fim, mas não podem negar que a razão prática dispõe dos meios e da capacidade para estabelecer objetivos suscetíveis de validação para todos, e não somente para aqueles que os propõem.
A argumentação de Kant evidencia que o determinismo, seja na forma natural do destino biológico, seja na forma espiritual da vocação histórica, é falso. Mostra que as ideias de vida como tarefa inevitável a realizar, ou como resultado de uma dialética infalível são improváveis. No duplo sentido de que são meras aspirações e de que não podem ser provados.
A filosofia kantiana deixou como herança mais sensível para a reflexão moral da atualidade ter dado alento à ética de Habermas e de toda a teoria crítica; e à ética de Rawls e de todo o neo-contratualismo.
Ainda que a poluição não nos permita mais ver o céu estrelado, ele continua sobre nossas cabeças, e se não pudemos dar com a Lei moral dentro de nós, foi a polêmica em torno dela que fez prosperar nos dois últimos séculos as discussões sobre o fundamento da ética.
UTILIZE E CITE A FONTE.
Cherques, Hermano (2011). John Rawls: a economia moral da justiça. Sociedade e Estado (UnB. Impresso), v. 26, p. 551-564. Habermas, Jürgen. (2003). Consciência moral e agir comunicativo. Tradução de Guido Antônio de Almeida. Rio de Janeiro. Tempo Brasileiro. Habermas, Jürgen. (2013). A Ética da discussão e a questão da verdade. Tradução de Marcelo Brandão Cipolla. São Paulo. Martins Fontes Rawls, John. (1981). Uma teoria da Justiça. Tradução de Vamireh Chacon. Brasília: Editora Universidade de Brasília. Renaut, Alain (1997). Kant aujourd’hui. Paris. Aubier