Trabalho.
Hegel foi quem primeiro chamou atenção para a historicidade da força mobilizadora do olhar alheio.
O que mobilizava os gregos, os pais da forma de pensar no Ocidente, era o thymos, que denotava, ao mesmo tempo, bravura e alma. Na época de Hegel, os sinais de reconhecimento eram a respeitabilidade e a origem social. Na atualidade, o êxito financeiro e a dominação política são os mobilizadores primordiais. Mas talvez não se mantenham por muito tempo.
Jared Diamond, biólogo da UCLA, vencedor do Pulitzer, alertou para o absurdo da homogeneização de respostas a situações culturalmente distintas. Deu como exemplo a teoria freudiana. Contrastou a evolução do saber psicanalítico com o que teria ocorrido em uma sociedade indígena na Bolívia, onde o sexo é disponível e onde as pessoas falam constantemente do que mais desejam: comida.
O argumento de Jared é o de que, caso Freud tivesse feito seus estudos nesta comunidade, teria inventando, ou detectado, os complexos de proteína, de nutrição, etc., ao invés daqueles que hoje temos como universais, derivados da busca obsessiva por sexo.
Ousadias à parte, o fato é que os indutores de reconhecimento estão em constante mudança. Hoje há sinais de que esteja em gestação a repulsa à agressividade obtusa e à ostentação de afluência material. Caso estes mobilizadores venham a entrar em decadência, existe a esperança de que o olhar dos outros passe a valorizar a integridade pessoal e o distanciamento da vida mundana. Quem sabe?
UTILIZE E CITE A FONTE.
Diamond, Jared M. (2005). Collapse: How societies choose to fail or succeed. New York. Viking. & (2015). Le monde jusqu’a hier. Trad. Jean-François Sené. Paris. Gallimard. Hegel, Georg W. (1996). Hegel’s dialectic of desire and recognition: Texts and commentary. Edited by John O’Neill. New Yorl. State of New York Press.