Trabalho.
A expressão “autopoiese” designa a capacidade que têm as moléculas de replicarem a mesma rede molecular que as produziu.
O termo foi cunhado, na década de 70 pelos biólogos e filósofos chilenos Francisco Varela e Humberto Maturana. Tem origem no grego auto “próprio” + poiesis “criação”. Descreve o fenômeno dos sistemas vivos que se autorregulam, e, incessantemente, se autoproduzem. Estes sistemas mantêm interações externas, mas o meio apenas desencadeia as mudanças acolhidas por sua própria estrutura.
Da denotação biológica, a expressão passou a outras áreas. Steven Rose a aplicou na neurobiologia, Niklas Luhmann na sociologia, Patrik Schumacher na arquitetura, e Gilles Deleuze e Antonio Negri na filosofia.
Para estes autores, os seres orgânicos e sociais coexistem sistemicamente em recomposições autopoiéticas ininterruptas (nada é novo, nada é velho). As antigas e as novas formas são compreensíveis pelo modo em que atualizam sua composição, pelo hibridismo e pela diversidade.
A se considerar a teoria, que deste a sua concepção acolheu um sem-número de verificações empíricas, a atividade laboral requer capacidade de autoprodução e de reintegração, cuja presteza e acerto vieram a se tornar condições essenciais ao posicionamento e à conservação no mercado de trabalho.
Quer isto dizer que o trabalhador que não se reinventa, que não se dispõe a contorcer sua biografia e a desbotar sua identidade, está fadado à exclusão da vida econômica e ao escárnio dos condescendentes.
UTILIZE E CITE A FONTE.
Fonseca, João D. (2008). Autopoiésis: uma introdução às ideias de Maturana e Varela. São Paulo. CreateSpace Independent Publishing Platform. Maturana, Humberto & Varela, Francisco J. (1980). Autopoiesis and cognition: the realization of the living. Dordrecht. D. Reidel Publishing Company.