Epistemologia – Heurística.
No prefácio à Metafísica, Tommaso Campanella descreveu o instante heurístico como um movimento da consciência por “tactum intrinsecum in magna suavitate”.
As narrativas colhidas nas investigações contemporâneas abonam que o descobrir e o inventar consistem em uma aquisição íntima, que assoma despercebida e com grande suavidade.
Mas como uma ideia, um objeto, ou uma relação penetra na vida mental?
Difícil responder. A consciência é, em si, um enigma. Um “não sei quê” (nescio quid), nas palavras de Leibniz. Conscientizar-se não é como adquirir um conhecimento. Sabemos todos que vamos morrer, mas quantos de nós estamos conscientes da inevitabilidade da própria morte?
A consciência também não é uma sensação, nem deriva de um esforço científico. É algo que está simultaneamente nos campos da percepção e do juízo. A imagem exemplar é a de quando somos tocados pela arte. Sentimos, mas não podemos narrar o que sentimos. O belo e o feio, o significativo e o insignificante chegam à mente por um influxo interno, assim como áspero e o acetinado chegam ao tato.
Ao tomarmos consciência alguma coisa é revelada. O intelecto se eleva sobre si mesmo. Ingressa em um estado em que o significado está em processo de aparecimento. O que ocorre então não pode ser descrito. Só recordado.