Epistemologia – Heurística.
No capítulo introdutório ao Leviatã, Thomas Hobbes escreveu que a introspecção é o elemento fundante do produzir. Não disse que a introspecção levaria nem ao invento, nem à descoberta. Sabia do falava.
Menos avisados, os idealizadores dos programas de desenvolvimento da criatividade no final do século passado não chegaram a lugar nenhum. Mas essas iniciativas foram úteis. Descreveram atos introspectivos que, então, puderam ser estudados e sequenciados.
A série começava com a imitação, seguindo-se a repetição, o ensaio, a retenção e a apropriação. Neste passo, chegava-se ao nível do inconsciente, com os atos de fermentação, de incubação, de esquecimento do já sabido. Mas não foi, e talvez jamais será, possível descrever esses eventos. Depois do ponto cego, continuava-se com a assimilação, a personalização e a expressão.
Em que pese a serventia ordenadora, a ementa então construída dá um salto sobre o que ocorre ao nível mais profundo da consciência. Mas tem o mérito de haver comprovado que o instante heurístico resulta da convergência de situações, predisposições e inspirações não dedutíveis e não reiteráveis.
A heurística é da esfera do desconhecido, não da esfera da verificação. Pode-se criar um ambiente material e psíquico propício ao descobrir e ao inventar. Mas os processos heurísticos são singulares. Não há fórmula que dê conta de como descobrir a descoberta e de como inventar a invenção.
Muito bom, como de costume.
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