Epistemologia.
A evocação do vivido e do pensado comove um mundo posto em repouso. Mas não tem grande interesse ou mérito. Já a descoberta e a invenção despertam um mundo letárgico.
Afetam o conforto dos bens pensantes e dos resignados. A descoberta e a invenção são raras porque os pensadores verdadeiros, ao contrário dos escolásticos e dos intelectuais estabelecidos, não têm teses, mas ideias. Exumam ou criam realidades.
O seu mundo é o do desassossego. Os testemunhos dão conta de que o instante heurístico se passa como um devaneio. As imagens elementares são distorcidas, as articulações entre elas se tornam fugidias, os cenários vivos, dinâmicos, desconexos. As certezas se dissipam.
Cientes da obrigação de comunicarem o desvelado e o novo, os descobridores e inventores se consomem na tentativa de expressar o que perceberam ou pensaram. Mas o anúncio do resultado do ato heurístico à inteligência vulgar tende a exilar da vida social. Por isto, a propagação do seu resultado deve ser submetida à disciplina mais elevada: a da integridade moral.
Destacar-se socialmente e revelar a verdade são projetos incompatíveis entre si. Contrariam a esperança, tenaz no coração humano, de não ser objeto de inveja e de segregação.