Ética.
O aviltamento dos programas educacionais fez com que a capacidade mobilizadora para a ética na política, na economia e nas organizações estiolasse. A conformidade a padrões econômicos, instaurou a postura dócil ante interesses questionáveis, a submissão a desígnios políticos ilegítimos e, sobretudo, a naturalização destas condutas.
Não se trata do desconhecimento das práticas sadias. Como sociedade, temos consciência de que esta não é forma como deveríamos nos conduzir. Também não se trata da rejeição às alternativas e às metas que se apresentam. O que falta não é a notícia, mas a instrução bastante para entender o que os fatos, os dados e as declarações indicam.
Nosso sistema educacional tem o propósito de dar segurança, não o de desenvolver a percepção e o intelecto. Desde a Revolução Industrial, substituiu a transmissão da cultura pelo adestramento aplicado à geração de bens. Instituiu uma vacuidade na qual quase tudo é recitado e quase nada é problematizado.
O vocabulário moral estatutário denuncia o propósito da intimidação. Os que conduzem a sociedade o fazem a partir da homogeneização dos interesses. Procuram anular a capacidade de reflexão divergente. De tal modo que pareceria que a liquefação do sistema educacional pudesse ser benéfica. Talvez minasse o infantilismo, a opinião e a bacharelice, alicerces das forças obscurantistas que aí estão.