Trabalho.
As estruturas de gerenciamento em conclave são ineficientes. Por duas razões. A primeira é que o choque de personalidades incita ao debate estéril. A segunda, é que o distanciamento entre o corpo diretivo e as pessoas na base operacional produz uma conversa de surdos.
Idealizações, como a dos falanstérios, nunca saíram do papel. Experiências reais, como a dos sovietes, fracassaram porque a aridez das discussões foi substituída pelo silêncio constrangido da ignorância recíproca. O controle exercido por integrantes externos à produção, os famigerados comissários, fez com que os trabalhadores padecessem situações absurdas, impostas coercitivamente pela burocracia do Estado.
Por maiores razões naufragam os sistemas de gestão coletiva imersos na economia de mercado. A ideia de que as tarefas árduas e desinteressantes possam ser divididas de modo que ninguém as exerça a não ser em dedicação parcial, de forma rotativa e voluntária, é incompatível com o capitalismo. Se os trabalhos indesejáveis fossem melhor remunerados a coisa poderia funcionar. Mas isto requereria uma inversão absoluta de um regime no qual os assalariados-escravos exercem as tarefas mais penosas e desagradáveis sem a devida recompensa. Exceções, como a dos poucos kibutzim que sobrevivem, se devem a motivos ideológicos e afetivos de resistência ao sistema.
Não há solução equânime e racional para a divisão fixa do trabalho nos regimes de produção em vigor.
Uma repartição justa arruinaria os privilégios que os alicerçam.