Ética.
As postulações morais egressas dos diversos campos da humanidade mantêm-se na superfície dos fatos. Tratam de eclipsar as questões mais difíceis. Evitam a suspeição analítica e epistemológica sobre os julgamentos de valor.
E, no entanto, hoje, mais do que nunca, é necessário lançar dúvidas sobre nossas convicções éticas. É urgente debater as nossas crenças sobre a racionalidade das condutas, a boa vontade geral e a imparcialidade dos juízos morais.
O transtornado mundo em que vivemos não pode prescindir dos que se disponham demonstrar a fragilidade dos argumentos sancionados. Não para destruí-los, mas para abrir caminho a vidas esclarecidas.
Um ceticismo psicologicamente e historicamente situado seria benéfico para romper com o marasmo das verdades aceitas e dos academicismos estabelecidos. Precisamos restaurar Nietzsche, cujo legado não se limita a ter inspirado pensadores como Heidegger, Wittgenstein, Buber, Freud, Menken ou Foucault. Nem se restringe a ter demonstrado a impossibilidade de uma ética isenta. Cujo legado maior foi o ter evidenciado o imperativo de uma filosofia moral lúcida.