Trabalho.
As escolhas que antecedem a vida profissional requerem, como toda a antecipação, um quantum de fantasia. Requerem conceber como será o mundo, como será a economia, como serão as organizações, como seremos nós no futuro. Requerem o impossível: que se possa imaginar objetivamente.
É por falta de imaginação que a maioria se ajusta à entidades semelhantes a colmeias, a alcateias ou a revoadas migratórias. É por falta de objetividade que se amoldam a essas configurações, pois nós, humanos, não somos como abelhas, lobos ou marrecos.
À diferença dos animais, o ser humano não tem instintos fixos. Têm pulsões, desejos e sentimentos. Os relatos sobre os “infans”, crianças abandonadas antes da fala que lograram sobreviver isolados, demonstram que a ideia de que a natureza humana repousa sobre estruturas invariáveis é equívoca.
Somos únicos no tempo e na circunstância. Somos diferentes, inclusive daquilo que fomos e daquilo que seremos. Por isso, os melhores e mais aptos das novas gerações logo se dão conta de que devem encontrar um lugar na economia e na sociedade estudando a si mesmos. Que devem inventar um emprego, uma forma de inscrever suas habilidades e interesses em um futuro absolutamente incerto e, logicamente, desconhecido.
Gnothi seauton, conhece-te a ti mesmo. A epígrafe do templo de Delfos diz que que devemos perceber com clareza o que queremos pedir aos deuses. Não é uma norma de conduta, mas uma forma de lapidar o próprio destino.
UTILIZE E CITE A FONTE.
CHERQUES, Hermano Roberto Thiry, 2015 – A divisão idílica do trabalho. – A Ponte: pensar o trabalho, o trabalho de pensar – https://hermanoprojetos.com/2020/10/14/delfos-conhece-te-a-ti-mesmo/