Epistemologia
A heurística é a disciplina que trata do descobrir e do inventar.
A descoberta procede da observação ou do experimento. Concretiza-se quando o espírito expõe uma realidade até então desconhecida.
A invenção resulta da raciocínio ou do acaso. A origem do termo é latina: invenire (in: em + venire: vir), dar com. O valor heurístico da invenção difere do da descoberta por implicar a produção de uma nova síntese de ideias ou a combinação nova de ideias existentes.
A palavra “heurística” procede do verbo grego heurískéin, que significa “encontrar”. O processo que leva a esse encontro ou achado é cheio de mistérios e de dificuldades. A título de ilustração: é frequente que a descoberta ou o invento ocorram simultaneamente a dois ou mais seres humanos. Foi esse o caso do cálculo infinitesimal, inventado simultaneamente por Leibniz e por Newton, e da teoria da evolução, descoberta por Darwin e Wallace, sem que um soubesse do outro. Ninguém até hoje conseguiu explicar a tomada de consciência a um só tempo por pessoas em contextos diferentes. Presumivelmente, se deve à paralelismos no caldo cultural em que estão imersos, àquilo que Reinbach denominou de “contexto da descoberta e de justificação”.
A hipótese é engenhosa, mas não pode ser confirmada porque a compreensão do ato heurístico esbarra em três dificuldades não solucionadas. Uma é o do instante. O insto, termo latino para “estar suspenso”: a impressão (ou realidade) da ausência do tempo nos processos heurísticos . Outra, é a do locus. A diversidade de lugar, de circunstâncias, de situações em que se dão. A terceira é a das personnae. A variedade dos indivíduos a quem ocorrem as descobertas e os inventos.
Essas dificuldades fazem com que o fenômeno heurístico permaneça enigmático. De tal forma velado que a filosofia, as disciplinas psi e as neurociências estão longe de determinar quando, como e a quem ocorrerão as descobertas e as invenções.