Epistemologia.

O tomar consciência (evento heurístico) não é passível de objetivação. A consciência moral (ética), a libertária (livre arbítrio), a empática (condição humana) e a estética (bom gosto) são objetos elementares da filosofia. Pertencem ao campo da reflexão especulativa.
É fato que as neurociências permitiram adicionar dados à introspecção. Mas são descrições sobre estados mentais, representações, correntes de associação que lidam com os correlatos neuronais, isto é, com os mecanismos que permitem ao cérebro exercer suas faculdades. Nada têm a declarar sobre os conteúdos da mente em si mesmos. Não cobrem, e não se vê como poderiam um dia cobrir, as questões ligadas à descoberta e à invenção.
Os conteúdos acrônicos e qualitativos da cognição são de natureza privada. É impossível os elucidar pelos meios epocais e quantitativos. A origem (lat. origo, fonte) do desvelar do oculto e do topar com o inaudito, o seu “antes”, é inapreensível. O que podemos conhecer cientificamente é o seu “depois”, a sua figura (lat. fingus, modelo), o contorno do seu efeito.
Como disse Walter Benjamin, a origem do consciente é um vórtice: a consciência não emerge da esfera dos fatos, mas da sua proto-história.
UTILIZE E CITE A FONTE.
CHERQUES, Hermano Roberto Thiry, 2021 – Evento heurístico: a Origem inapreensível. – A Ponte: pensar o trabalho, o trabalho de pensar – https://hermanoprojetos.com/2021/11/08/evento-heuristico-a-origem-inapreensivel/