Trabalho.
A cultura tecno-corporativa nos emudece. Ideologias, conveniências, rituais, crendices interditam os atos de fala autênticos. Tudo o que nos dizem é: calem-se.
A tragédia do empregado e do funcionário é terem traduzido o silêncio como benéfico e necessário. A tragédia dos estudiosos do trabalho é não sabermos como proclamar uma sociedade em que o mutismo assalariado seja suprimido.
Os governos são controlados pelas empresas que, por natureza, são tirânicas. Devemos combater a tirania, mas não podemos destruir um sistema sem que tenhamos outro para pôr no lugar, e não temos um discurso sustentável de como forçar empresas e governos a consentirem com a livre expressão dos trabalhadores.
Pesa o silêncio sobre o fato de que, insensivelmente, permitimos que o exercício profissional oprima. Alguns trabalhadores ensurdecem. Outros não se adaptam. Ouvem as vozes do passado e do futuro. Outros ainda, mas são poucos, tangenciam a circunstância e a alteridade. Trabalham no mundo, mas vivem no âmago de si. Calados, iluminam a existência com diálogos interiores.