Constituímos a sociedade ou ela nos constitui? Dois próceres da sociologia, Émile Durkheim (1858-1917) e Georg Simmel (1858-1918), oferecem respostas distintas.
Durkheim dá como marco do social as restrições normativas. Sustenta que as representações coletivas são uma realidade que transcende a soma dos indivíduos. Que a vida social gera uma “razão comum”, um amálgama de conceitos que permitem pensar e agir de maneira compreensível para os outros. Chega a que a sociedade é um ente substancial que se conserva em função de estruturas singulares estáveis.
Simmel dá a configuração social como resultante da ação recíproca de muitos indivíduos. Os seus argumentos levam em conta as categorias de dominação, subordinação, concorrência, mimetismo, e solidariedade. Toma como objeto as formas a priori de socialização: i) o papel segundo a categoria social; ii) a individualidade; e iii) a estrutura, em que cada elemento tem um lugar determinado pela posição dos demais. Chega a que o compartilhamento de conhecimentos e valores faz da sociedade um ente relacional que existe em função de dinâmicas particulares continuamente reconfiguradas.
Em meados do século passado, os teóricos da Escola de Chicago, baseando-se ora em um, ora em outro mestre, dividiram a sociologia entre o interacionismo situacionista e o simbólico. No interacionismo situacionista os que trabalham são atores: interpretam um papel no teatro social. Somos construídos pela sociedade. No interacionismo simbólico os trabalhadores são agentes que constroem a sociedade. Somos os dramaturgos da socialização. Embora concorram entre si, as duas correntes têm fundamentos sólidos. Talvez porque, no trabalho ou fora dele, sejamos atores e agentes a um só tempo.
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CHERQUES, Hermano Roberto Thiry, 2022 – Interação 01: Durkheim e Simmel – Entre o ator e o agente. – A Ponte: pensar o trabalho, o trabalho de pensar – https://hermanoprojetos.com/2022/01/12/interacao-01-durkheim-e-simmel-entre-o-ator-e-o-agente/
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