Trabalho.
O trabalho repetitivo, alicerce da economia do constrangimento, nutre-se da vacuidade do espírito, da continuidade dos processos, da insatisfação da espera. O trabalho inventivo, que abre a vida econômica e contesta a dominação, nutre o espirito, descontinua as rotinas e satisfaz a mente humana.
O primeiro solicita a atenção absoluta. O segundo a atenção profunda. A atenção absoluta corresponde à aplicação intelectual sobre fluxos de informação oscilantes. Requer e implica na hiperatividade do espírito. Suprime o tédio pela aceleração do banal. A atenção profunda corresponde à imersão da mente nos objetos. Requer e implica na serenidade do espírito.
Anula o tédio pelo foco no essencial.
No trabalho repetitivo o ser humano deixa de ser homo faber para retornar à condição de animal laborans. Um ser rudimentar que espreita o perigo e é capaz de safar-se das ameaças da selva econômica. No trabalho inventivo o ser humano deixa de ser homo faber para ascender a condição de homo excogitatoris. Um ser avançado, que vive na fronteira estimulante da selva econômica.
Prometeu, o inventor da lucidez e da educação, foi condenado ao sofrimento por ter induzido os homens ao trabalho emancipado dos deuses. Uma grande águia devora seu fígado à mesma hora todos os dias. A espera o enfada eternamente. A recorrência do sofrimento aniquila seu espírito.